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O Desenvolvimento do Transtorno de Personalidade Borderline: Causas, Explicações e Tratamentos Baseados em Evidências



O Transtorno de Personalidade Borderline (TPB) é uma condição de saúde mental caracterizada por instabilidade emocional, impulsividade, dificuldades interpessoais e uma intensa sensibilidade à rejeição e ao abandono. Estudos contemporâneos indicam que o TPB emerge a partir de uma interação entre vulnerabilidades biológicas e fatores ambientais adversos, sendo compreendido principalmente por meio do modelo biossocial (Linehan, 1993).


Vulnerabilidade Emocional e Ambientes Invalidantes


O modelo biossocial propõe que indivíduos com TPB possuem uma vulnerabilidade emocional inata, que se expressa por meio de uma elevada sensibilidade a estímulos emocionais, reações intensas e lentidão no retorno ao estado emocional basal (Crowell, Beauchaine, & Linehan, 2009). Essa hipersensibilidade está frequentemente associada a alterações neurobiológicas em estruturas como a amígdala e o córtex pré-frontal, responsáveis pelo processamento e regulação emocional (Herpertz et al., 2001; Schulze et al., 2016).

Quando essas características inatas interagem com ambientes invalidantes ou seja, contextos que minimizam, punem ou ignoram a experiência emocional da criança, o risco de desenvolvimento do TPB aumenta significativamente. Ambientes desse tipo incluem desde negligência emocional e críticas constantes até abuso físico ou sexual, experiências frequentemente relatadas por pessoas com esse diagnóstico (Zanarini et al., 1997; Ball & Links, 2009).


O Modelo Transacional


O modelo transacional, proposto por Fruzzetti, Shenk e Hoffman (2005), descreve como a interação contínua entre a vulnerabilidade emocional e respostas ambientais disfuncionais gera e mantém um ciclo de desregulação emocional. Nesse processo, o indivíduo manifesta emoções de forma intensa e, muitas vezes, confusa, o que gera respostas negativas do ambiente. Essas respostas reforçam sentimentos de invalidação e levam à amplificação do sofrimento, criando um ciclo difícil de romper.


Tratamentos Baseados em Evidências


Diante da complexidade do TPB, o tratamento deve ser baseado em intervenções estruturadas e cientificamente validadas. A Terapia Comportamental Dialética (Dialectical Behavior Therapy – DBT), desenvolvida por Marsha Linehan, é atualmente considerada o tratamento de primeira escolha para o TPB, com eficácia comprovada em múltiplos estudos clínicos randomizados (Linehan et al., 2006; Stoffers et al., 2012).

A DBT integra elementos da terapia cognitivo-comportamental com práticas de aceitação e mindfulness, oferecendo ao paciente um conjunto de habilidades para regular emoções, lidar com crises, melhorar relacionamentos e desenvolver uma vida com mais sentido. Sua estrutura inclui:

  • Psicoterapia individual semanal;

  • Treinamento em grupo de habilidades (atenção plena, regulação emocional, tolerância ao mal-estar e efetividade interpessoal);

  • Coaching telefônico entre sessões;

  • Supervisão/consultoria em equipe para os profissionais.


Estudos de meta-análise confirmam que a DBT reduz significativamente comportamentos suicidas, autolesões, hospitalizações e melhora o funcionamento global dos pacientes (Stoffers et al., 2012; Rizvi et al., 2013).


Apoio aos Familiares


Famílias e cuidadores também vivenciam altos níveis de estresse emocional ao conviver com uma pessoa com TPB. Por isso, abordagens que envolvem os familiares são fundamentais. O programa Family Connections, baseado nos princípios da DBT, tem mostrado eficácia em reduzir o sofrimento dos cuidadores, melhorar a comunicação e diminuir padrões de invalidação (Hoffman, Fruzzetti, & Swenson, 2005; Flynn et al., 2017).

A DBT Paraná, como centro de referência nacional no tratamento do TPB, além de oferecer treinmento para os pacientes, oferece um Grupo de Psicoeducação e Treinamento de Habilidades para Familiares, com base em evidências científicas. O grupo fornece informações fundamentais sobre o transtorno e ensina habilidades práticas de validação, comunicação assertiva e regulação emocional. Essa iniciativa contribui não apenas para o bem-estar dos cuidadores, mas também para a estabilidade emocional do próprio paciente.


A DBT Paraná é um centro especializado no tratamento do Transtorno de Personalidade Borderline no Brasil. Nossa equipe é formada por profissionais altamente capacitados, com formação internacional em DBT, comprometidos com um atendimento ético, empático e fundamentado na ciência.

Oferecemos:

  • Psicoterapia individual e grupos de habilidades para pacientes;

  • Grupo de psicoeducação e habilidades para familiares;

  • Supervisão para profissionais de saúde mental;

  • Atuação alinhada aos mais altos padrões internacionais de qualidade em saúde mental.


Se você é paciente, familiar ou profissional, entre em contato com a DBT Paraná para conhecer mais sobre nosso trabalho. A transformação emocional é possível e começa com compreensão, acolhimento e ciência.


Referências

American Psychiatric Association. (2022). Practice guideline for the treatment of patients with borderline personality disorder.

Ball, J. S., & Links, P. S. (2009). Borderline personality disorder and childhood trauma: evidence for a causal relationship. Current Psychiatry Reports, 11(1), 63–68.

Crowell, S. E., Beauchaine, T. P., & Linehan, M. M. (2009). A biosocial developmental model of borderline personality: elaborating and extending Linehan's theory. Psychological Bulletin, 135(3), 495–510.

Flynn, D., Kells, M., Joyce, M., Corcoran, P., & Heriot-Maitland, C. (2017). Family Connections versus treatment-as-usual for family members of individuals with borderline personality disorder: A randomized controlled trial. Borderline Personality Disorder and Emotion Dysregulation, 4, 12.

Fruzzetti, A. E., Shenk, C., & Hoffman, P. D. (2005). Family interaction and the development of borderline personality disorder: A transactional model. Development and Psychopathology, 17(4), 1007–1030.

Herpertz, S. C., Dietrich, T. M., Wenning, B., Krings, T., Erberich, S. G., Willmes, K., ... & Sass, H. (2001). Evidence of abnormal amygdala functioning in borderline personality disorder: A functional MRI study. Biological Psychiatry, 50(4), 292–298.

Hoffman, P. D., Fruzzetti, A. E., & Swenson, C. R. (2005). Family connections: A program for relatives of individuals with borderline personality disorder. Family Process, 44(2), 217–225.

Linehan, M. M. (1993). Cognitive-behavioral treatment of borderline personality disorder. New York: Guilford Press.

Linehan, M. M., Comtois, K. A., Murray, A. M., Brown, M. Z., Gallop, R. J., Heard, H. L., ... & Lindenboim, N. (2006). Two-year randomized controlled trial and follow-up of dialectical behavior therapy vs therapy by experts for suicidal behaviors and borderline personality disorder. Archives of General Psychiatry, 63(7), 757–766.

Rizvi, S. L., Steffel, L. M., & Carson-Wong, A. (2013). An overview of dialectical behavior therapy for professional psychologists. Professional Psychology: Research and Practice, 44(2), 73–80.

Schulze, L., Schmahl, C., & Niedtfeld, I. (2016). Neural correlates of disturbed emotion processing in borderline personality disorder: A multimodal meta-analysis. Biological Psychiatry, 79(2), 97–106.

Stoffers, J. M., Völlm, B. A., Rücker, G., Timmer, A., Huband, N., & Lieb, K. (2012). Psychological therapies for people with borderline personality disorder. Cochrane Database of Systematic Reviews, 8, CD005652.

Zanarini, M. C., Williams, A. A., Lewis, R. E., Reich, R. B., Vera, S. C., Marino, M. F., ... & Frankenburg, F. R. (1997). Reported pathological childhood experiences associated with the development of borderline personality disorder. American Journal of Psychiatry, 154(8), 1101–1106.

 
 
 

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