Estágios do Tratamento na Terapia Comportamental Dialética (DBT): Como Funciona e Por Que é Eficaz
- Gleidna Santos
- 6 de abr.
- 3 min de leitura

A Terapia Comportamental Dialética (DBT), desenvolvida por Marsha Linehan (1993/2014), é uma abordagem baseada em evidências amplamente utilizada no tratamento de pacientes com Transtorno de Personalidade Borderline (TPB) e outras condições caracterizadas por desregulação emocional severa. A DBT é estruturada em estágios que visam organizar e hierarquizar as metas terapêuticas conforme o momento clínico do paciente. O tratamento é altamente individualizado, e o terapeuta realiza uma avaliação inicial para recomendar o estágio mais apropriado.
Estágio 1 – Controle Comportamental
O foco principal do primeiro estágio é o estabelecimento de controle comportamental. Neste ponto, os principais alvos terapêuticos são:
Comportamentos que ameaçam a vida, como ideia suicida, tentativas de suicídio e comportamentos autolesivos.
Comportamentos que interferem na terapia, como faltas frequentes, falta de engajamento e invalidação do processo terapêutico.
Comportamentos que comprometem severamente a qualidade de vida, incluindo abuso de substâncias, desregulação alimentar, impulsividade, dificuldades nos relacionamentos, problemas financeiros e profissionais.
Desenvolvimento de habilidades essenciais, como tolerância ao desconforto, regulação emocional, efetividade interpessoal e mindfulness (Linehan, 1993/2014).
Estágio 2 – Processamento Emocional e Redução da Evitação
Pacientes que alcançaram estabilização comportamental passam para o estágio dois, que tem como foco a redução da evitação emocional e o enfrentamento de traumas e vivências invalidantes.
Nesta fase, utiliza-se o protocolo de Exposição Prolongada em DBT, desenvolvido por Melanie Harned (Harned, 2022), que integra intervenções baseadas em exposição com os princípios da DBT. Outra abordagem aplicada com sucesso é a DBT for PTSD, elaborada pelo Dr. Martin Bohus (Bohus et al., 2020), que combina tratamento para TEPT complexo com as habilidades de regulação emocional da DBT.
Técnicas como EMDR, Terapia Sensório-Motora e Terapia Focada na Compaixão também podem ser integradas, sempre com base na avaliação clínica e objetivos terapêuticos.
Estágio 3 – Resolução de Problemas da Vida Cotidiana
No terceiro estágio, o objetivo é ajudar o paciente a construir uma vida com estabilidade emocional, relações mais saudáveis e maior autonomia na resolução de problemas cotidianos.
Problemas interpessoais, desafios profissionais, conflitos familiares e dificuldades com metas pessoais são tratados de forma ativa. O paciente é incentivado a aplicar habilidades desenvolvidas nos estágios anteriores, mantendo consistência emocional e comportamental.
Estágio 4 – Senso de Propósito e Completude Existencial
O quarto estágio, voltado para o crescimento existencial, foca no desenvolvimento de um senso de significado e conexão profunda com a vida. Pacientes que atingiram estabilidade comportamental e emocional podem ainda apresentar sentimentos de vazio e desconexão. Neste estágio, a terapia apoia a busca por espiritualidade (sem necessariamente estar vinculada à religião), propósito e valores pessoais.
Técnicas integrativas como a Terapia Focada na Compaixão (Gilbert, 2010) e terapias baseadas em mindfulness (Segal et al., 2013) são frequentemente utilizadas para promover autonomia e autodescoberta.
A DBT Paraná é um centro de referência no Brasil, composto por uma equipe altamente qualificada e especializada no modelo original de DBT. Os profissionais atuam em todos os estágios do tratamento, integrando o tratamento DBT com outras abordagens baseadas em evidências para proporcionar um cuidado eficaz, humanizado e profundo.
Se você é um paciente em busca de um tratamento estruturado para transtornos emocionais intensos ou um profissional interessado em se especializar em DBT, a DBT Paraná é o lugar ideal para seu desenvolvimento terapêutico ou profissional.
Referências
Baer, R. A. (2003). Mindfulness training as a clinical intervention: A conceptual and empirical review. Clinical Psychology: Science and Practice, 10(2), 125–143.
Bohus, M., Kleindienst, N., Hahn, C., et al. (2020). Dialectical behavior therapy for posttraumatic stress disorder (DBT-PTSD) compared with cognitive processing therapy (CPT) in complex presentations of PTSD in women survivors of childhood abuse: A randomized clinical trial. JAMA Psychiatry, 77(12), 1235–1245.
Gilbert, P. (2010). Compassion focused therapy: Distinctive features. Routledge.
Harned, M. S. (2022). Treating trauma in Dialectical Behavior Therapy: The DBT Prolonged Exposure Protocol. Guilford Press.
Linehan, M. M. (1993/2014). Cognitive-behavioral treatment of borderline personality disorder. Guilford Press.
Segal, Z. V., Williams, J. M. G., & Teasdale, J. D. (2013). Mindfulness-based cognitive therapy for depression. Guilford Press.
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