Dilemas Dialéticos no Transtorno de Personalidade Borderline: Entenda os Conflitos Internos e Caminhos de Transformação
- Gleidna Santos
- 5 de abr.
- 3 min de leitura
Atualizado: 5 de abr.

A vida de uma pessoa com Transtorno de Personalidade Borderline (TPB) pode parecer, para muitos, caótica, contraditória e emocionalmente intensa. Por trás das explosões emocionais e das oscilações comportamentais, existe uma luta silenciosa e constante para encontrar equilíbrio em meio ao caos interno. Indivíduos com TPB geralmente enfrentam dificuldades significativas para regular suas emoções, o que os faz sentir-se fora de controle e emocionalmente vulneráveis. Ao mesmo tempo, tendem a não confiar nas próprias percepções, mantendo expectativas inatingíveis e, muitas vezes, cruéis consigo mesmos.
É comum que essas pessoas oscilem entre momentos de extrema fragilidade e aparente estabilidade. Em um instante, podem parecer desesperadas e sem esperança; no outro, mostram-se funcionais e até mesmo bem-sucedidas. Essa montanha-russa emocional é marcada por estresse contínuo e reações imediatas e intensas, ao mesmo tempo em que reprimem sentimentos como tristeza e pesar profundo.
Ao longo dos anos, diversas teorias foram propostas para compreender a complexidade emocional e comportamental do TPB. No entanto, a Dra. Marsha Linehan, criadora da Terapia Comportamental Dialética (DBT), trouxe uma contribuição transformadora ao identificar três dilemas dialéticos centrais que ajudam a explicar esses conflitos internos. Embora não sejam universais, esses dilemas têm se mostrado recorrentes em sua prática clínica com pessoas com TPB. Entendê-los é fundamental para quem busca compreender comportamentos autodestrutivos, como a automutilação, e iniciar um processo de mudança profunda.
Os 3 Dilemas Dialéticos do Transtorno de Personalidade Borderline
1. Vulnerabilidade Emocional vs. Autoinvalidação
A vulnerabilidade emocional é caracterizada por uma sensibilidade extrema a estímulos emocionais — a pessoa reage de forma intensa e duradoura, mesmo a pequenos acontecimentos. Já a autoinvalidação envolve desconsiderar as próprias emoções, minimizar suas necessidades e buscar constantemente validação externa. Essa combinação gera um ciclo de vergonha, autocrítica severa e sentimento de inadequação, dificultando a resolução saudável dos problemas.
2. Passividade Ativa vs. Competência Aparente
A passividade ativa se manifesta quando o indivíduo, sob estresse, espera que o ambiente resolva seus problemas — mesmo que ativamente peça ajuda, age de forma desamparada. Em contraste, a competência aparente reflete a capacidade de funcionar bem em diversas áreas da vida, mascarando as dificuldades internas. Esse dilema gera confusão tanto interna quanto externa: a pessoa parece forte e independente, mas se sente frágil e insegura.
3. Crise Implacável vs. Luto Inibido
Na crise implacável, o indivíduo vive em estado constante de urgência emocional, passando de um estressor ao outro sem tempo para se recuperar. Isso pode levar a comportamentos impulsivos como automutilação, tentativas de suicídio, abuso de substâncias ou gastos excessivos. Já o luto inibido representa a evitação consciente de emoções dolorosas - como tristeza, perdas e traumas - que acabam se acumulando silenciosamente. Essa evitação impede o processamento emocional e perpetua o sofrimento.
O Caminho da Transformação com a DBT
A DBT convida o indivíduo a integrar esses opostos internos, construindo um espaço de aceitação e mudança. Ao reconhecer essas forças em conflito, a pessoa com TPB começa a desenvolver habilidades para regular emoções, melhorar relacionamentos e diminuir comportamentos disfuncionais.
Se você ou alguém que ama vive essa montanha-russa emocional, não precisa enfrentar isso sozinho. A equipe DBT Paraná conta com profissionais altamente qualificados, especialistas em Terapia Comportamental Dialética. Estamos preparados para te acompanhar, com acolhimento, técnica e sensibilidade, no processo de autocompreensão e mudança. Entre em contato conosco e dê o primeiro passo em direção a uma vida mais equilibrada e significativa.
Referências
Linehan, M. M. (1993). Cognitive-behavioral treatment of borderline personality disorder. Guilford Press.
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